O Baiano Na canoagem, Isaquias Queiroz conquistou o ouro na categoria C1 1.000 metros. É a quarta medalha olímpica dele.
Recorde mundial de carinho na medalha. “Trabalho dedicado para esse pedacinho de metal, que, para nós atletas, significa muito”, disse o canoísta.
Nos raros momentos em que não está com ela na mão, o vencedor lança olhares apaixonados. Ela e ele se entendem porque são brilhantes.
Mil metros de espetáculo de Isaquias Queiroz. Tudo de acordo com o planejado. Largar entre os primeiros e manter o ritmo, até só restarem dois.
Remada a remada, Brasil e China brigavam pela 1ª posição. Um quilômetro de prova, que parece interminável. Enquanto ela não chega ao fim, dá tempo de passar por Itabuna e Ubaitaba, na Bahia. E ver que o povo está remando junto por lá. E na casa da dona Dilma, a mãe, escondidinha no sofá.
E com esse empurrão da família, Isaquias dispara ainda mais. Termina a prova com mais de um barco de vantagem sobre o chinês.
A festa demora. O herói de um país conhecido pela alegria não consegue nem sorrir. Isaquias deixa a água resgatado pelo bote, porque se entregou por inteiro pela nossa
“Eu estou feliz. Estou mais feliz ainda por estar deixando vocês, do Brasil, felizes”, afirmou Isaquias.
A vida preparou Isaquias para sustentar o peso dessa medalha. Ele aprendeu com o treinador Jesús Morlán uma frase que repete a cada problema: “O importante é seguir remando.”
O momento mais difícil foi quando ele perdeu o próprio mestre que ensinou essa lição.
Jesús Morlán foi um gênio do esporte, o técnico espanhol lapidou o talento natural de Isaquias, e o conduziu três vezes ao pódio na Rio 2016. Em 2018, o treinador morreu de câncer.
“O nosso objetivo também da canoagem do Brasil era representar o querido treinador, que faleceu em 2018, Jesús Morlán. Essa medalha é importante. Para nós, o significado que ele teve na nossa carreira”, disse o canoísta.
Isaquias não se esqueceu do treinador, não se esqueceu de ninguém.
“Esse é um presente, para toda família brasileira, que passou por muitos desafios ao longo desses anos. Covid, vários familiares morrendo por causa dessa doença. Então, dedico muito a cada uma dessas famílias que perderam um ente querido também”, completou.
A chuva veio forte e quase atrapalhou a cerimônia de premiação, mas, de repente, parou para ver o campeão com um sol pendurado no peito.
Isaquias “brasileiro” Queiroz. Graças a ele, hoje o mundo conheceu um pouco mais sobre um povo de braços fortes, mãos imensas. Mas gigante mesmo é o coração.
Em entrevista ao Jornal Nacional, Isaquias falou sobre a alegria que proporcionou ao povo brasileiro.
“Sou muito feliz de poder representar meu estado, a Bahia. Tenho orgulho de ser baiano. Representar o Brasil tem sabor incrível. Ganhar medalha de ouro em Tóquio representando meu país, meu estado, minha Bahia. Agora é Comitê Olímpico Baiano, o COB. Brincadeira à parte, estou muito feliz de estar representando a Bahia em Tóquio”, afirmou.
uol/Silvio Jardim