Modo pré-campanha ou pré-desespero? – ACM Neto ressurge com ofensiva política no interior, mas força para liderar oposição ainda é incerta

Após um período de discreta atuação, ACM Neto (União Brasil) voltou ao centro das articulações políticas baianas. Com uma agenda intensa pelo interior do estado, ele tenta reconquistar espaço e se firmar como líder da oposição ao governador Jerônimo Rodrigues (PT). No entanto, pairam dúvidas sobre até onde essa movimentação representa força real — ou apenas uma resposta tardia ao avanço do grupo governista.

O ex-prefeito de Salvador e ex-candidato ao governo em 2022 — derrotado por Jerônimo no segundo turno — reapareceu com um discurso combativo. Em suas visitas recentes à cidades do interior, ACM Neto tem adotado uma política ofensiva: acusa o governador de “cooptar prefeitos”, denuncia uma suposta “governança seletiva” e afirma que “as coisas só saem para quem diz amém”. O tom, nitidamente mais agressivo, visa descredibilizar o governo e gerar desgaste junto às bases municipais.

Apesar disso, os movimentos de Neto parecem ainda não surtir efeito proporcional. Desde o início do ano, Jerônimo Rodrigues tem ampliado significativamente sua base: prefeitos que apoiaram ACM Neto em 2022 — inclusive em cidades-polo como Guanambi, Brumado e Paulo Afonso — migraram para o grupo governista. A fragilidade da oposição é visível: sem prefeituras como sustentação local, o União Brasil enfraquece sua capacidade de articulação.

Aliados de Neto dizem que ele está em “modo pré-campanha” e querem antecipar o debate sobre 2026. Mas o cenário é adverso. O PT governa a Bahia há quase duas décadas, e a máquina estadual se mantém como principal vetor de recursos e influência nos municípios — sobretudo no interior. A adesão crescente à base de Jerônimo se explica, em parte, por essa força institucional.

Enquanto tenta ocupar espaço, ACM Neto depende não apenas de discursos inflamados, mas de reconstrução política real. Precisa recuperar a confiança de lideranças municipais que hoje preferem a estabilidade da base petista. A dúvida que permanece é: seu retorno à cena política é sinal de retomada estratégica ou um esforço isolado diante de um campo oposicionista desmobilizado?

O tempo e as urnas de 2026 responderão. Por enquanto, o “ressurgimento” de ACM Neto soa mais como reação do que como liderança consolidada.

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