Monocultura de Eucalipto em Alcobaça: O Peso na atuação da Suzano Papel e Celulose

No coração do Extremo Sul da Bahia, o município de Alcobaça tem se tornado símbolo de uma transformação silenciosa, mas profunda: o avanço da monocultura do eucalipto. Liderada pela Suzano Papel e Celulose, essa expansão desperta cada vez mais questionamentos sobre seus reais impactos e os limites do chamado desenvolvimento.

Como pode uma cidade ter grande parte do seu território tomada por uma única cultura sem comprometer a diversidade agrícola e ambiental? Pequenos produtores relatam dificuldades para manter suas plantações, alegando que o eucalipto seca o solo e consome recursos hídricos em excesso. Como plantar feijão, mandioca ou criar animais quando a água some dos rios e nascentes?

E o uso das estradas? Caminhões pesados trafegam diariamente pelas vias rurais, muitas vezes sem qualquer manutenção posterior. Quem arca com os prejuízos quando produtores não conseguem escoar suas colheitas por estradas esburacadas ou intransitáveis? Até que ponto é aceitável que uma empresa privada use a infraestrutura pública sem contrapartidas visíveis à população?

Os impactos sociais também levantam preocupações. O avanço do eucalipto, por vezes, acontece em áreas tradicionalmente utilizadas por comunidades rurais. A população tem sido ouvida? Onde ficam os direitos garantidos por lei às comunidades tradicionais, como o direito à consulta prévia?

Na teoria, existem diversos projetos do qual segundo a empresa, beneficiam os pequenos produtores, trabalham na preservação do meio ambiente e impulsionam formas “sustentáveis” para a plantação e colheita do eucalipto, mas na prática, esses projetos realmente alcançam com eficiência quem sofre os impactos dessa atividade?

O Ministério Público Federal já questiona essas práticas e move ações para proteger os territórios e modos de vida ameaçados. Mas será suficiente? E mais importante: que modelo de desenvolvimento está sendo construído em Alcobaça — e para quem ele serve?

A monocultura de eucalipto pode gerar lucros, mas a que custo? Alcobaça se vê hoje diante de uma encruzilhada que exige reflexão, diálogo e, sobretudo, responsabilidade social e ambiental.

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